Trabalho para casa – Expressão oral A5-B2

O objetivo deste exercício é conseguir que o aluno se expresse corretamente na escrita, faça uma pesquisa (autonomamente) de novos conteúdos semánticos e utilize as estruturas gramaticais estudadas.

Não se esqueça de que para avançar para o seguinte nível deve realizar os 12 TPC´s (4 orais e 8 escritos – argumentativos / cartas) previstos em cada um dos níveis.

*Vai receber a correção do seu trabalho por WhatsApp. Esteja atento!

Faça um resumo oral do texto e argumente o seu ponto de vista no que diz respeito à temática tratada.
Duração entre 3′ 2″ – 3′ 5″

Quando começares a gravação indica por escrito por favor o teu nome e  correio elétronico. 

Excerto do livro O vizinho invisível.

Autor: Francisco José Faraldo

PALAVRÕES E BLASFÉMIAS

O português trata a sua língua com respeito, com infinito mimo, reveste-a com uma capa que sobrevaloriza o conteúdo, condimenta-a com diminutivos, amplia-a, dá ao que diz uma substância que muitas vezes ela carece. Num país de brandos costumes, como se define Portugal, os habitantes recorrem a variados expedientes para odiarem a convivência diária e evitarem situações conflituosas que tanto agradam aos espanhóis, muito mais propensos a discussões e desacatos. Assim, a tendência espanhola para pisar terrenos do expressionismo, o que produz um abundante catálogo de interjeições, insultos e juras, não tem equivalente entre os portugueses muito mais recatados na hora de manifestarem verbalmente as emoções. Onde um espanhol diz, por exemplo, “estou desesperado” (ou “bem fodido”), um português limita-se a constatar que “a minha situação é um bocadinho complicada”, e esta atitude de resignação perante a fatalidade poupá-lo-á ao trabalho de deitar mão ao dicionário de impropérios contra tudo o que mexe, que os hispanos manejam com tanta agilidade em situações análogas.

Os palavrões e as interjeições existem, como em toda a parte, mas o seu uso restringe-se aos momentos em que o falante perde o controle emocional. Quando um português se zanga e a sua má disposição vai crescendo, começa por deitar mão ao catálogo de interjeições leves (poça!, fogo!, chica!) e, continuando, acrescenta o inevitável “fooodasss…” que é dito assim, arrastando o “o” e o “s”, quase sempre em voz baixa e entre dentes, transportando nos seus fonemas uma dose concentrada de cólera que sai lenta e sibilante para aumentar a duração e eficácia.

Na generalidade, pode dizer-se que o recurso ao palavrão se restringe a círculos onde há grande confiança entre os indivíduos do sexo masculino. Um “foda-se” na boca de uma mulher é coisa rara, e coloca a eventual pronunciante no grupo das pessoas “ordinárias”, um dos adjetivos com maior carga de despeito na língua portuguesa. O culto excessivo das boas maneiras e a linguagem polida dão lugar a um predomínio da forma sobre o sentido.

Recentemente, na Assembleia da República, durante uma discussão decisiva sobre o estado ruinoso do país, um deputado dirigiu-se ao ministro da Economia com estas palavras: “Não diga mais asneiras, porra!”. O escândalo foi monumental e prolongou-se por vários dias nos meios de comunicação que, esquecendo o fundo da questão que havia dado lugar ao desabafo do deputado, concentraram os comentários na condenação da utilização em sede parlamentar de expressões próprias da linguagem popular.


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