*Vai receber a correção do seu trabalho por WhatsApp. Esteja atento!
Faça um resumo oral do texto e argumente o seu ponto de vista no que diz respeito à temática tratada.
Duração entre 3′ 2″ – 3′ 5″
Quando começares a gravação indica por escrito por favor o teu nome e correio elétronico.
Excerto do livro O vizinho invisível.
Autor: Francisco José Faraldo
FORMAS DE TRATAMENTO
Em Portugal, a prática do tratamento por tu, tão generalizada em latitudes próximas, nunca teve muitos adeptos. Há pessoas que continuam a tratar-se por você, embora mantenham relações de amizade há trinta e tal anos, e a linguagem oral e escrita é bem provida de expressões destinadas a manter um certo distanciamento que deve ser interpretado como manifestação de respeito e não com displicência ou ausência de afeto. No período imediatamente a seguir ao 25 de Abril de 1974, os comportamentos modificaram-se em consequência do entusiasmo coletivo provocado pela democratização do país e da exaltação de valores tais como a fraternidade e o igualitarismo. Dos cartões-de-visita com que toda a gente anda, desapareceram os títulos académicos e as pessoas começaram a tratar-se pelo nome próprio, mas a coisa não durou muito tempo e hoje em dia a praga de improváveis doutores, advogados e engenheiros assola de novo um país em que não és ninguém se não exibires um canudo. Tanto assim é que, em 2013, um ministro da Economia do governo de Passos Coelho, influenciado pelos hábitos anglo-saxónicos adquiridos durante o seu anterior trabalho no Canadá, teve a ideia de pedir ao pessoal do seu ministério que deixassem de o tratar pelo título e lhe chamassem simplesmente Álvaro. No dia seguinte, na imprensa e na televisão choveram críticas e comentários jocosos, em que se apresentava o recém-chegado como o excêntrico desconhecedor da idiossincrasia do país e incapaz de exercer a autoridade inerente ao cargo.