Produção e Interação Orais – 5

O objetivo deste exercício é conseguir que o aluno se expresse corretamente na escrita, faça uma pesquisa (autonomamente) de novos conteúdos semánticos e utilize as estruturas gramaticais estudadas.

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«A minha casa é a sua casa».
Os espanhóis convidam-nos para sairmos com eles, os portugueses para irmos a casa deles.


"Esperando que isto não ofenda nenhuma das partes, gostaria de sugerir que há algumas semelhanças entre os portugueses e os espanhóis. Como povo, partilham duas qualidades importantes, o estilo e a humanidade — embora mais uma vez haja uma diferença significativa. O estilo é absolutamente inerente aos espanhóis, por mais austero que seja. Para eles é como que uma segunda natureza e é tão visível quanto a sua humanidade (que de quando em vez lhes escapa). Os portugueses também têm estilo, mas não é um imperativo. A humanidade vem em primeiro lugar. São mais intuitivos no que toca às relações humanas do que os espanhóis, que ten­dem a assumir uma abordagem conceptual.

Como acontece em todos os povos do Sul da Europa, as pes­soas olham-se nos olhos — embora os portugueses sejam mais reti­centes em relação ao contacto físico, os homens espanhóis caem muitas vezes nos braços uns dos outros num caloroso abraço. Mas onde os espanhóis são por vezes sentenciosos e até reservados, os portugueses são abertos e ansiosos por agradar. São as pessoas mais simpáticas que há — isto sem qualquer condescendência nem menosprezo. Que sensaboria, dir-me-ão. São assim mesmo. E ainda bem.

A ideia de que a língua condiciona as atitudes e estas condicionam a língua aplica-se sem dúvida aos povos da Península. O português é uma língua líquida, cheia de sibilantes e de sons suaves contrastando dramaticamente com o staccato e a natureza rítmica do espanhol, tal como acontece com o clima e a geografia. Dominam as notas anasaladas que associamos ao fado. Um ouvinte mais distraído poderia pensar que estava a ouvir russo.

Mas, moderando esta terrível mania de fazer comparações com os espanhóis, falemos sobre os portugueses propriamente ditos. Desta vez os guias têm razão. Aquilo que quase infalivelmente impressiona os estrangeiros neste povo é a sua abertura, a sua amabilidade, a sua cortesia, o seu encanto e a sua hospitabilidade: «A minha casa é a sua casa». Os espanhóis convidam-nos para sairmos com eles, os portugueses para irmos a casa deles."

Richard Hill, Nós, Europeus (2001)         

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